Humorista cega relata assédio durante show em São Paulo: 'Vamos expor'

A comediante Tatá Mendonça, conhecida como "Cega na Comédia", usou suas redes sociais para denunciar um episódio de importunação sexual que ocorreu durante um show de stand-up comedy em São Paulo.

Tatá, que tem deficiência visual, relatou que o comediante e editor de seus vídeos, Cadu Moura, teria tocado seu corpo de maneira inadequada enquanto ambos estavam no palco. O caso ganhou repercussão nas redes sociais e vem sendo amplamente discutido, especialmente entre mulheres que enfrentam assédio no ambiente de trabalho.

A humorista, que possui mais de 660 mil seguidores no Instagram, compartilhou um vídeo que mostra o momento do incidente. No registro, é possível ver que Cadu Moura toca as costas da comediante e desce a mão até a região das nádegas. Ela rapidamente afasta a mão dele, demonstrando desconforto com a situação. O caso foi registrado na Polícia Civil como importunação sexual, e um inquérito foi aberto para investigar o ocorrido.

Humorista cega relata assédio e pede justiça

O episódio aconteceu durante uma apresentação de stand-up em São Paulo, onde Tatá Mendonça era a atração principal. Em um momento de seu show, Cadu Moura, que também estava no palco, teria passado a mão no corpo da comediante sem o seu consentimento. Em suas redes sociais, Tatá relatou o choque que sentiu no momento e a dificuldade de lidar com a situação. "Eu estava no meio do meu trabalho, e ele fez isso como se ninguém estivesse assistindo. Foi surreal. Nunca tinha acontecido algo assim comigo, e eu fiquei em choque", declarou.

O desabafo da comediante tocou muitos seguidores, que demonstraram apoio e solidariedade. Tatá destacou que, apesar de ser difícil falar sobre o assunto, ela não pretende se calar. "É difícil, mas precisamos começar a expor. Esses caras são nojentos, e eles têm que ser responsabilizados pelo que fazem", disse em uma de suas publicações.

Tatá Mendonça também revelou que, inicialmente, não sabia se teria coragem de falar sobre o incidente, mas decidiu se pronunciar após verificar que havia um vídeo do momento. "Eu não ia querer me expor, mas, ao ver o vídeo, percebi que não poderia me calar. Isso acontece com tantas mulheres, e eu não posso deixar isso passar." A humorista cega relata assédio e faz um apelo para que mais vítimas não se calem e denunciem esses abusos.

Investigação policial

A Polícia Civil de São Paulo informou que o caso foi registrado como importunação sexual e está sendo investigado. O inquérito foi instaurado pela Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência e encaminhado ao 92º Distrito Policial, responsável pela área onde os fatos ocorreram. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo emitiu uma nota confirmando que o caso está sendo tratado com a devida seriedade e que a polícia trabalha para esclarecer todos os detalhes.

Cadu Moura, que desativou suas redes sociais após a repercussão do caso, ainda não se pronunciou oficialmente sobre a acusação. Ele trabalhava como editor dos vídeos de Tatá Mendonça há mais de um ano, mas a comediante afirmou que não tinha uma relação próxima com ele, e que o contato entre os dois era estritamente profissional.

Força e resistência

Tatá Mendonça também aproveitou o momento para refletir sobre as dificuldades que enfrenta na carreira por conta de sua deficiência visual. Ela ressaltou que, mesmo com os desafios, não desistirá de seu trabalho e continuará lutando por justiça e igualdade. "Eu sou cega, e enfrento preconceito desde o início da minha carreira. Mas eu vou continuar. Não vou deixar isso me derrubar", afirmou.

Em suas redes sociais, a comediante agradeceu o apoio dos fãs e incentivou outras mulheres a denunciarem casos de assédio e importunação sexual. "Eu sei que é difícil, mas não podemos nos calar. Eles precisam ser expostos. Precisam passar vergonha pelo que fazem", concluiu.

A repercussão do caso trouxe à tona discussões importantes sobre a violência contra a mulher, especialmente no ambiente de trabalho, e sobre como figuras públicas, como Tatá, podem ser exemplos de resistência e luta por justiça. A denúncia feita pela humorista cega não apenas expôs uma situação lamentável, mas também abriu caminho para que outras mulheres sintam-se encorajadas a denunciar casos semelhantes.